domingo, 21 de fevereiro de 2016

47- Encharcada

Sentei na beirada da piscina, recuperando o fôlego e a postura. A vergonha era tamanha que superou minha raiva e olha que eu realmente estava irritada.
-Desculpa. - Uma mão foi estendida à minha frente acompanhada do tímido pedido.
-Tudo bem. - Sorri e apoiei-me em sua mão para levantar.


"Tudo bem"? Por que diabos eu tinha dito isso sorrindo? O jovem... Talvez tivesse 18 anos? Que de longe se destacava pela forma que estava vestido, acompanhou-me até um sofá.
- Senta aqui. Volto num instante. - E saiu.
Olhei ao redor procurando o cara com quem eu conversava antes.


Lá estava ele... pegando uma bebida? Deu-me um sorriso sem graça e veio em minha direção. Passou a mão delicadamente no meu rosto afastando um pouco do cabelo e ofereceu-me a bebida. Talvez eu estivesse mesmo com cara de quem precisasse se embebedar.
- Como eu tinha te dito, preciso mesmo ir embora. Não seria melhor que também fosse? Posso te dar uma carona.


Suspirei. Na verdade, ninguém parecia ter notado que há pouco eu estava voando para dentro da piscina. Nem mesmo meu irmão. E nem em um milhão de anos seria uma boa ideia aceitar voltar para a casa dos meus pais com um cara que, além de tudo, eu tinha acabado de conhecer.
- Obrigada, mas vou ficar por aqui ainda.
- Tudo bem. - Deu-me um beijo na testa e um pedaço de papel com o número de seu telefone. - Se cuida.


Fiquei olhando para aquele pedaço de papel e tentando imaginar como conseguiria preservá-lo seco, tendo em vista o meu estado encharcado.
- Espero não ter demorado muito. - O rapaz estava de volta.
Trouxe uma toalha e uma xícara de chocolate quente.
Coloquei o drinque intocado de lado e nunca senti tanta gratidão por um chocolate quente na vida.


2 comentários:

  1. Encontrou alguém tão desastrado quanto você? kkkkkk Cuidado para não ficar doente

    Beijos prima querida

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