quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

42- Lar, doce lar

Mal entramos em casa e minha mãe tocou no assunto que eu não tinha coragem.
- Cadê a Gabi? Ela não pode vir com vocês?
Meu irmão passou a mão na testa antes de responder.
- Terminamos. É recente, mas não vai ter volta. Já conversamos.
Depois de uns segundos constrangedores de silêncio e meu esforço em não chorar, minha mãe voltou a falar.
- Ah, tenho certeza que por mais séria que tenha sido a discussão vocês vão resolver isso. Estão há muitos anos juntos. E sei que se amam.


- Ela já está com outro, mãe. Não tem mais volta. Não quero falar mais sobre isso.
Mais um longo silêncio.
- Tem algum lugar em que a gente possa colocar nossas malas? - Clark perguntou.
- Tem sim. Fizemos mais um quarto, pra quando vocês resolvessem aparecer juntos. O pai de vocês ainda disse que eu estava exagerando... - Minha mãe olhou para o meu pai com aquela cara de quem sempre tem a razão.


Meu pai pegou uma das malas com o meu irmão e ouvi quando ele começou a perguntar sobre o seu trabalho.
- Vem comigo, Juh. Vou fazer um bolinho. Depois dá uma olhada no seu quarto. Deixei aquele antigo para o Clark. E o seu fiz questão de caprichar na decoração. Lembra como a gente sempre quis poder fazer algo mais bonitinho depois que o Clark foi para a faculdade? Você vai amar!
Mais tarde quando vi a tal decoração comecei a rir sozinha. Era bem a cara da minha mãe aquilo tudo. E apesar de não ter nada a ver comigo aquele quarto, fiquei realmente feliz imaginando todo o carinho que tiveram em fazê-lo.


No jantar as perguntas se voltaram para mim.
- E você, Juh? Clark disse que você está trabalhando... - Meu pai quis saber.
- Ah, sim... Estou. Mas nem eu sei direito o que faço lá. - Suspirei pesarosa. - Foi um dos amigos do Clark que me indicou. Ele também trabalha lá.
Ficamos tagarelando por um bom tempo. Meu pai tentando me explicar que eu precisava me sustentar com o trabalho e não me divertir, que se continuasse saindo dos trabalhos por isso nunca teria nada. E eu tentando explicar que não buscava diversão no trabalho. Minha mãe querendo saber mais sobre esse amigo do meu irmão, achando que eu estava de paquera com ele.


Clark parecia bem. Ele nos contou algumas histórias de seu trabalho e parou por ai. Meu pai nos encheu de piadas e a maioria nos fazia rir porque eram muito ruins e implicávamos com isso. E a minha mãe nos contava sobre tudo. Desde uma vizinha que passou em frente a nossa casa um dia elogiando as flores até histórias de quando era de nossa idade.
- Tenho que ir. - Clark se levantou. - Combinei de encontrar uns amigos hoje.
- Mas já? - Minha mãe.
- Já, mãe... - Clark respondeu sorrindo. - Vamos ter bastante tempo para mais conversas, prometo.
Clark me olhou. - Quer ir comigo? Mas não é pra demorar a se arrumar...

2 comentários:

  1. Não sei porque sente vontade de chorar quando fala da songamonga, sinceramente ¬¬'
    O Clark realmente parece bem, bom saber... Não vejo a hora de voltarem

    Beijos querida

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    1. Ainda estou digerindo a parte em que a Gabi "já está com outro", mas ok...

      Sim, ele parece bem melhor *---*

      Beijos, oxigenada

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