sexta-feira, 31 de julho de 2015

5- Resolvendo assuntos pendentes (Parte 1)


Os dias foram passando e consegui promoção para cozinheira. Agora o trabalho se tornou bem mais ativo e eu mal tinha tempo de respirar no meio de tanta fumaça de comida, pelo menos tinha menos tempo para pensar. Minha tia tem me preocupado e agora que pensei direito no que havia feito.


 Não tive coragem de ligar para ela, então resolvi enviar um e-mail explicando tudo detalhadamente. Anexei uma foto para ela ter mais certeza que eu estava bem. Também passei o endereço de onde estava morando.


 Naquela noite não consegui dormir direito, fiquei pensando em tia Gertrudes. Ela não teve filhos e nunca havia se casado. Dedicada aos estudos se tornou professora. Depois que fui morar com ela, no começo lhe dei muito trabalho e ela sempre paciente conseguiu me “domar”. Dizia sempre que eu era um presente, a filha que sempre quis ter e não teve. Não sei os motivos que ela tinha escolhido viver sozinha, nunca cheguei a ter uma conversa tão profunda com ela.


 No outro dia era um sábado e acordei com a campainha tocando. Fui ver quem era.  Quando estava no corredor, Diva apareceu com cara de louca.
- Seja quem for que ouse atrapalhar meu sono de beleza, mande embora. E bateu a porta de seu quarto.


 Olhei na porta da frente e vi que era minha tia, não sabia se corria ou me escondia, mas era tarde demais, pois ela já tinha me visto.
“Chega, vamos parar de medo e concluir isso de vez”.
Respirei fundo reunindo toda a coragem que tinha e abri a porta. 

quarta-feira, 29 de julho de 2015

4 - Livre, leve e solta

Amanheci de ótimo humor, dia de sol, bom para não fazer nada na beira da piscina, mas isso é para quem pode, o que não é o meu caso, precisava me arrumar para o trabalho. Quando desci as escadas percebi que a Valentine havia feito um bolo e o cheiro dominava a casa, o que levantou minha curiosidade, será que ela cozinhava bem mesmo? As saladas que ela faz são boas, mas gosto de implicar dizendo que estão mais ou menos, um dia ela vai perceber que eu só falo da boca para fora. Já que vamos ter que dividir a casa acho melhor me esforçar mais para me aproximar dessas duas.



Desci e ela estava na cozinha e o bolo em cima da mesa e ela sentada em uma das cadeiras, talvez esperando seu gordinho para dar uma carona - resolvi sentar um pouco e puxar assunto.
- E ai Fiat Lux.... quer dizer, Valentine, E esse bolo ai?
- Encomenda, vou levar para o trabalho - respondeu desconfiada
- Parece bom
- Talvez qualquer dia desses eu faça um para nós - respondeu com um pequeno sorriso, talvez surpresa pelo meu interesse. 




Fui trabalhar me sentindo um pouco melhor por estar me esforçando pela aproximação, assim que cheguei encontrei com o Fausto na recepção, o que não é normal, quando cheguei mais perto e ele fez um sinal discreto com a cabeça para que o seguisse. - fiquei preocupada.



O segui em direção a sala de radiografia e lá ele me surpreendeu quando me agarrou, ele é sempre tão discreto, parecia urgente. Não entendi o que estava acontecendo, mas retribui com entusiasmo. Pelo milagre meu profissionalismo falou mais alto do que meu instinto de fazer uma loucura ali mesmo.
- Ei, calma ai... Melhor conter-se. - Disse arfando - Estamos em horário de expediente.
- Fui transferido para outra cidade, precisam de mim lá por um tempo, vão mandar outro no meu lugar - ele jogou a bomba em cima de mim - preciso me mudar com minha família para a outra cidade.

Foi ai que cai na real. Ele iria embora com sua família, eu não faço parte dela, sou apenas a outra. Ele ficaria na boa lá enquanto eu estava sendo jogada de escanteio.



- Está me dando um fora?
- Claro que não, não fui eu que pedi isso, não queria ir embora, eu amo você, podemos continuar nos vendo quando eu vier para cá. - Algo nos seus olhos dizia que estava mentindo, e se tem uma coisa que eu sou boa é para interpretar expressões faciais.
- Vou falar onde você enfia seu amor, pois fica tranqüilo que eu não preciso dele, muito menos de você. Sai batendo a porta. - Realmente não preciso dele, nunca precisei de homem algum, a raiva era da covardia dele de não querer me dizer a verdade, mas eu vou descobrir.




segunda-feira, 27 de julho de 2015

3- Festa no Apê


Na mesma semana meu irmão e minha cunhada foram me visitar. Mostrei a casa e ficamos conversando no meu quarto.
- Até que não é tão ruim – O bobo do meu irmão comentou.
- Que horror, amor! – Gabi o repreendeu.



- Deixa esse metido. Sei que não dá nem pra comparar aqui com o apartamento de vocês, mas eu gostei. Quero é saber como estão sobrevivendo sem a minha maravilhosa presença.
- Você morava lá? – Clark devolveu a brincadeira. – Nesse fim de semana vou dar uma festa.
- O senhor superocupado vai dar uma festa? Ouvi direito, Gabi?
- Fui transferido para um hospital mais perto daqui e ainda recebi um aumento.



- Uau! Parabéns!
- Melhor a gente ir logo, amor – Gabi olhou pra mim. – Desculpa, Juh, queria poder ficar mais tempo, mas amanhã tenho que acordar super cedo e já está tarde...
- Relaxa, amora da minha vida! Conversamos melhor na festa.



Clark levantou da cama, passou a mão no topo da minha cabeça bagunçando o meu cabelo.
- E é pra ir arrumada direito. Não quero passar vergonha na frente dos meus amigos. Nada de ir com aquelas suas roupas esquisitas; algo comportado, de preferência. – Clark implicante.
No dia da festa abri minhas gavetas e pensei "Eu me visto como me der vontade, querido irmão!".



Clark fez cara de desgosto assim que me viu, não que eu estivesse feia ou com tanta pele de fora, mas porque ele morria de ciúmes dos seus amigos comigo. Era melhor não ter me convidado então, porque eu que não iria pra uma festa com os amigos gatinhos dele parecendo uma velha.



Não tinha quase ninguém. E só um deles eu ainda não conhecia, o que mudou rapidamente. O loiro veio na minha direção.
- É a irmã do Clark?
- Sim. Julieta... você é?
- Paulo. Prazer.




O prazer era todo meu até o ciumento do meu irmão aparecer. De qualquer forma Paulo era fotógrafo e me deixou com o seu cartão juntamente com um convite ao seu estúdio. Com toda a certeza eu iria. 

domingo, 26 de julho de 2015

2- O Começo da Jornada


No outro dia Julieta me ajudou a montar um currículo. Enviei alguns para vários restaurantes. Depois de algumas entrevistas sem sucesso, consegui um emprego como ajudante de cozinha em um restaurante perto de onde estava morando. Olhei ao redor desejando um dia ser dona de um lugar lindo como aquele.
  

Sempre me esforcei o quanto podia no trabalho, embora nunca havia sido reconhecida e o máximo que chegara era a “chefe das lavagens de pratos”. Nesse novo emprego em menos de uma semana tinha ganhado um aumento, ainda não era a promoção que eu almejava, mas já era motivo para me alegrar.


Em meu novo trabalho também fiz amizade com Mitchell, um rapaz sociável e com um ótimo senso de humor. 
O levei em casa um dia, mas depois vi o erro que cometi.


 Diva chegou com um amigo ou namorado vai saber, cada dia era um cara diferente que ela levava para o quarto. Vi o olhar que meu colega lançou para a loira aguada. Não que eu estivesse interessada nele ou algo assim, mas ele não fazia o tipo dela nem um pouco e não queria ser responsável por mais um coração partido por ela.


Continuei me empenhando no trabalho e quase já podia ver uma promoção. Assumi a cozinha na casa, tentei ensinar algumas receitas para a Juh que sempre insistia em ajudar, mas cozinhar não parecia ser um dom natural dela.


Diva que tinha preferência por saladas no começo sempre fazia careta quando comia algo feito por mim. Mas depois acabou se acostumando e até quase ganhei um elogio.
- Até que você sabe fazer algo que preste, fósforo.
           - Obrigada, mas pare de me chamar assim. 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

1- Um pouco mais sobre mim



Depois de instalada liguei de noite para o meu namorado ir me visitar, não sei se o termo certo é esse, já que ele é também o meu chefe na equipe médica e ele é casado... Se bem que acho que isso é só um detalhe, eu não me importo, sei também que isso não é certo, ainda estou a procura do grande amor da minha vida. Na maioria dos plantões dele, ele está comigo. Adora me encher de presentes e mimos.



Minhas promoções tem uma "ajudinha" dele, logo serei uma assistente médica, mas também gosto do que faço, tenho meus méritos. Claro que no hospital só conversamos o essencial e as vezes - as vezes mesmo - quando estamos sozinhos em uma sala rola uns beijinhos escondido. Ninguém nunca nos pegou no flagra




Convidei meus amigos também para passar um tempo em casa,mas como sempre tem gente demais para fuxicar eu os convido para o meu quarto para conversarmos em paz. Alberto é o meu melhor amigo, ele é demais. Detetive da cidade quando esta de uniforme arranca suspiros das mocinhas da cidade, realmente um pedaço de mal caminho, mas ele não faz o meu tipo, para mim é mais como um irmãozão.



As outras duas também recebem visitas, colegas de trabalho pelo que entendi, não me importo, mas as duas são dignas de piedade... Uma amiga de um velhote, parece ser seu chefe.... A cabeça de fósforo é amiga de um gordo que já vi na lanchonete certa vez,  se ficassem juntos fariam outro ridículo casal.



Nas horas livres estou me esforçando em aprender o que eu posso sobre minha profissão, embora a impressão que passei é que eu seja a queridinha do chefe eu também sou dedicada e gosto muito do que faço. Meu sonho é ser uma médica respeitada e renomada