quarta-feira, 15 de julho de 2015

Julieta


A lindona da minha mãe apaixonada por romances decidiu que seria legal me dar esse nome quando nasci: Julieta. Sempre que algum engraçadinho me conhecia lá vinha uma porção de piadinhas do tipo "Cadê o Romeu?"; criatividade que é bom esse povo não sabe o que é não.




Já morava lá por quase um ano e ainda não tinha me acostumado com o tamanho do lugar. Meu irmão tinha comprado aquele apartamento uns dois anos depois de ter se formado em medicina e quando ainda estava na faculdade conheceu a sua noiva Gabriela. Os dois são as minhas duas pessoas preferidas no mundo.




Antes disso eu morava com meus pais num lugarzinho bem mais simples. A cidade era pequena e meu irmão me ofereceu estadia com ele enquanto eu quisesse. Não estava sendo muito fácil encontrar algo que eu gostasse de fazer e que me desse bem... Sempre tinha algo que faltava ou que me desagradava. Não queria que fosse mal interpretada, mas felicidade em primeiro lugar. Preferia ser a irmã encosto que pula de emprego em emprego do que ser, mesmo que só um pouco, infeliz.




Estava preparando o almoço com a minha cunhada na cozinha. Feliz por ser domingo e poder ter meus dois amores mais tempo por perto. Dei um abraço apertado na Gabi em resposta da minha felicidade.
- Que isso, menina! - Sorriu.




Poucos minutos depois meu irmão apareceu.
- Tem visita pra você, Juh.
Era um senhor que nunca tinha visto na vida.
- Pois não.
- Senhorita Julieta Oliveira?
- A própria.




Ele me contou sobre uma herança deixada por minha bisavó e pediu que eu o acompanhasse até o local. Fiquei com os dois pés atrás. Eu com herança? Mas me mostrou o documento que o meu irmão confirmou ser verdadeiro. O Clark e a Gabi se ofereceram para irem comigo, mas o senhor explicou que seria melhor que apenas eu o acompanhasse e assim foi.




Era uma casa linda de três andares com piscina e é claro que teria um "porém". Mais duas primas de sei lá quantos graus que nunca tinha visto na vida iriam dividir a casa comigo. Não podia ser vendida, não podia ser alugada, apenas compartilhada. Eu não conhecia a minha bisa para entender seus motivos, só esperava que houvesse algum e fosse bom.




A primeira a chegar com seu cabelo extremamente vermelho foi a Valentine. Adorei o visual dessa, talvez a gente fosse se dar bem. A segunda chegou com o nariz tão arrebitado que mais um pouco quebrava o pescoço. Suspirei pesarosamente.



Notícia dada e o senhor foi embora. As duas foram correndo escolher seus quartos. Eu não fazia questão de nenhum em particular, ficaria com o que sobrasse.

Liguei para o meu irmão para compartilhar o ocorrido. Clark ficou preocupado, mas eu estava mesmo decidida em ficar por lá, dar um descanso para ele. Falou sobre ajudar com os móveis e bancar tudo o que eu precisasse. Acostumada com tanto mimo, talvez fosse ser para o melhor aquela nova experiência. 

5 comentários:

  1. Juh. *-*
    Te entendo perfeitamente, é bom ser mimada por alguém, mas às vezes precisamos aprender a andar com nossas próprias pernas.
    Que legal que você é humilde, porque tem umas que não quero citar nomes que não tem nem em onde cair morta e acham que são donas do universo, sabe...

    Pode contar comigo com o que precisar <3


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    Respostas
    1. Essa herança veio na hora certa.

      Obrigada, Val *---*

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  2. Nossa quanto blá, blá, blá. Nem perdi meu tempo lendo esse chororô todo.

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  3. Entrando nessa de gaiata... Talvez seja melhor viver com o irmão.
    Algo me diz que a convivência não vai ser fácil!

    *o*

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