segunda-feira, 24 de agosto de 2015

11 - Doutor Superman - Parte 2

- Senhorita Diva, não sabia que também frequentava esse lugar.
- Boa noite Dr Clark, venho aqui sempre que possível, é minha nova paixão - disse com sinceridade.
- Bem, acho fora do hospital pode me chamar apenas de Clark - ele sorriu, e convenhamos que sorriso lindo! - Olhando melhor em seus olhos notei que não são azuis, mas sim de um cinza claro, impressionantemente lindos, nunca havia visto uma cor tão bonita.
- Então apenas Diva, se não se incomodar - devolvi com um sorriso discreto.




Descemos a escada e cada um foi para uma direção, eu fui tomar uma ducha, me trocar e ele deve ter ido fazer o mesmo já que quando voltei para beber algo ele estava ali, parecia limpo - vontade de conferir - mas claro que nunca iria fazer isso. Peguei um copo do suco em cima do balcão, não sabia o que falar, se é que tem algo a ser dito.
- Deveria tentar a meditação também - ele começou o que me deixou surpresa. - É ótimo para aumentar nossa concentração.
- Talvez qualquer dia desses eu tente. - sorri novamente - Assim que eu arrumar um tempo extra quem sabe. - E você tentaria yoga? - Retribui o convite por educação.
- Acho que não, sabe não sou muito bom com essas coisas, sabe... equilíbrio... O que sou bom na habilidade com as mãos durante as cirurgias, me falta totalmente em equilíbrio,  como se tivesse dois pés esquerdos, esse tipo de  coisa... Não tinha como não rir depois dessa, depois me arrependi.




- Pode rir, não me incomodo - ele voltou a sorrir - Ele parece ser outra pessoa fora do ambiente de trabalho, muito mais relaxado e agradável.
- Desculpe, mesmo assim.
- Não precisa pedir desculpas, iria rir pra valer da minha irmã, muito pior do que eu para essas coisas. - falou num tom carinhoso, parece gostar muito dela, deve ser uma criança encantadora - mas em compensação somos ótimos no vídeo game.
- Sério? - Mais uma vez saiu sem querer, ele pode notar meu embaraço.
- Não sou um robô, também tenho minhas horas de lazer, sabia? - Outro sorriso, um recorde, poderia me acostumar muito bem com isso.




Estava tudo ótimo, poderia passar horas conversando com ele - se ele assim permitisse - parece ser uma pessoa bem agradável, mas o cansaço e a hora de fechar me impulsionava para fora.
- Tenho que ir, preciso descansar para o dia de amanhã, boa noite.
- Boa noite Diva, até amanhã.
Embora seja educação da parte dele esse "até amanhã" parecia que amanhã iríamos continuar conversando, mas só que não, no hospital Dr. Clark se transforma.




Cheguei em casa dando saltinhos de alegria, me sentindo muito bem, obrigada, pronta para um banho bem quente em minhas bolhas que raramente uso, só em dias especiais, e sem dúvidas hoje era um dia especial. Subi direto, não notei a presença de ninguém em casa, mesmo que estivesse alguém ali teria passado despercebido, minha cabeça estava longe dali, flutuando em um lugar lindo e colorido, como as bolhas que estava prestes a fazer aos montes na banheira. Deitei e sonhei, com olhos lindos em um tom incomum de cinza.



quinta-feira, 20 de agosto de 2015

10- Reencontro dos Sonhos

 - Guto? – Perguntei.
Ele esboçou um sorriso e pulei do sofá o abraçando. Sonhei todos os dias com esse reencontro. 
- Não estou acreditando! É você mesmo! – Não sei como o reconheci com aquele visual tão diferente de quando éramos adolescentes.



- Vi você um dia desses aqui pela rua. – Comentou.
- Por que não foi falar comigo?
- Não sabia como...
Nossos sorrisos deram lugar a uma expressão entristecida. Eu não iria chorar, me prometi.



- Está morando aqui por perto? – Perguntei.
- Na verdade, moro aqui.
- Aqui? – Não consegui esconder a minha surpresa. Eu tinha andado por todo o lugar e até para um estúdio fotográfico achei pequeno.
Ele sorriu – Na parte de baixo. Quer conhecer?



Guto me levou para a parte de trás do estúdio onde tinha uma porta um tanto escondida por umas árvores. Imaginei que a escolha do local não tinha sido por acaso. Enquanto descia as escadas desejei perguntar como tinham sido as coisas para ele depois daquele telefonema.
- Você está bem? – Ele perguntou.



Foi então que saí dos meus pensamentos e vi o local – Estou... E não é que você adquiriu algum bom gosto mesmo?
- Bom gosto? – Gustavo sorriu.
- Está brincando? Eu trocaria onde moro por aqui sem nem pensar duas vezes.
Um sorriso enorme tinha grudado no rosto dele; acredito que no meu também.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

9 - Doutor Superman - Parte 1

Trabalhar estava sendo estranho, o chefe super exigente estava colocando todos na linha, parecia um ditador, não que isso fosse totalmente ruim já que é um ambiente de trabalho, mas parecia que todos estavam trabalhando muito sobre pressão. O pessoal estava muito preocupado em manter seus devidos empregos, eu estava preocupada mesmo era em sair de lá e tirar umas férias.
- E ai Fred, já posso tirar minhas férias? - Disse brincando
- Sinto muito Diva, férias só daqui quatro meses, no entanto você tem horas acumuladas o que lhe dá direito à uns três ou quatro dia de descanso, é só avisar com antecedência. 




Três dias seria bem melhor do que nada, queria muito ir para bem longe daqui, sinto falta da minha privacidade, mas querer não é poder para mim, com tudo que eu venho juntando nesses últimos tempos talvez o mais longe que eu consiga ir é para o meio do nada e sem conforto algum, se bem que acho que é de exatamente isso que eu precise, mas até eu resolver o que vou fazer preciso me concentrar no meu serviço, também não quero correr o risco de perder o emprego que gosto tanto.



Depois do trabalho agora é rotina minhas aulas de yoga e acreditem ou não estou me saindo muito bem, estou adorando, estava sentindo falta de mexer meu corpinho. 
Hoje é meu dia de folga aproveitei para ir ao spa, sabe quanto tempo eu não me dou ao direito de pelo menos uma massagem nas mãos e nos pés? Pensando bem eu nunca fiz isso, é a primeira vez e eu adorei, afinal eu dependo totalmente de ambos para executar meu trabalho para ter meu futuro brilhante.



Já era depois das cinco quando fui trocar meu roupão pela minha roupa de ginástica, minha aula de yoga começaria em quinze minutos, quando passei pela sala de meditação, talvez eu deva tentar isso também, deve ser bom para trabalhar minha mente, ajudar no meu trabalho, vocês sabem... Tenho que me dedicar ao máximo e alcançar meus objetivos que vai bem além de ter um rostinho bonito que foi me dado por natureza, quero ser uma cirurgiã de sucesso. - Abri a porta para ver se tinha alguém ali que pudesse me orientar melhor sobre isso e fiquei surpresa, muito surpresa ao ver o Dr. Clark (posso chamá-lo de Superman aqui, ele nunca vai ficar sabendo) totalmente concentrado, sem camisa! fiquei babando olhando sua "concentração" do seu abdômen nu, mas a aula já iria começar e Deus me livre dele me ver aqui parada olhando. 
 


Vesti minha roupa correndo e subi as escadas, faltava menos de cinco minutos agora. Esqueci de tudo e foquei na minha aula, é ótimo, cada movimento, a música, tudo na sala passava a tranquilidade de que eu tanto necessito, parece incrível como tudo isso tem o poder de me transformar quando estou aqui. A aula passou e eu lamentei por isso, quando olhei para a porta aqueles divinos olhos azuis estavam lá me observando, ele veio em minha direção. - parada cardíaca -Se eu caísse dura aqui, será que ele me ressuscitaria?





segunda-feira, 10 de agosto de 2015

8- Resolvendo assuntos pendentes (Parte 2)


Tia Gertrudes me olhou por um momento.
- Desculpe. Abaixei a cabeça e foi a única coisa que consegui dizer. 
Lágrimas escorriam em seu rosto e também não consegui me conter. Colocou as mãos em meu rosto. 
- Que bom que está bem, minha querida. Não sabe como me preocupei com você. Nos abraçamos.
 

- Vamos tia, entre.
Entramos e ela olhou ao redor.
- Bem jeitoso as coisas por aqui.
- São mesmo, fique à vontade, vou pegar algo para comermos.


Peguei na geladeira sobras de um bolo que tinha feito no dia anterior e fiz um café. 
Enquanto comíamos conversamos igual quando morávamos juntas. 
Era como se nada tivesse mudado.


 Enquanto eu lavava a louça, Juh apareceu e as duas ficaram conversando. 
Antes do horário do almoço minha tia me chamou para dar um passeio. Ficou assustada por eu ainda não conhecer nada ali além da casa e trabalho.
Andamos por um tempo, passamos por onde trabalho e depois achamos um parque.


Sentamos em um banco e eu resolvi perguntar para minha tia o que sempre quis e nunca tive coragem.
- Tia, porque nunca se casou?
- Porque isso agora? 
- Só curiosidade. Dei de ombros.
- A verdade é que já fui noiva.
- Sério?


- Eu era jovem, meu pai não aprovava o namoro, mas depois meu noivo acabou tendo que se mudar com a família.
- E o que aconteceu?
- Não tem muito mais. Acabamos perdendo contato. Terminei o curso para professora, depois fiz faculdade e passei a me dedicar ao trabalho, o tempo foi passando e depois veio você. Que me deu bastante trabalho. Bem, pelo menos no começo. Ela sorri.


Ficamos um tempo em silencio, fiquei pensando se tinha mais alguma coisa nessa história.
- Querida eu preciso ir embora.
- Pensei que ficaria mais um tempo.
- Melhor não. Preciso resolver algumas coisas por lá.
Não insisti, nos abraçamos, ela foi embora, fiquei mais um tempo por ali e voltei para casa. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

7 - O novo chefe

Ao contrário do dia anterior estava me sentindo péssima, minha cabeça doendo e para piorar acordei fora de hora com a porcaria da campainha tocando, ninguém merece. Estava furiosa, se encontrasse alguém hoje na minha frente que me irritasse era capaz de esganar. Tomei um banho frio e me arrumei para o trabalho, vamos ver quem é o novo chefe da equipe.



Assim que cheguei fui informada que o chefe queria me conhecer, assim como toda a equipe, conforme iríamos chegando. Bati na porta e entrei na sala e ele estava ocupado, respirei fundo e arrisquei um "bom dia".
- Um momento - ele disse com uma voz que juro que por um momento senti minhas pernas tremerem. Assim que ele virou para me olhar tive que lembrar que precisava voltar a respirar. 




Lindos olhos azuis me avaliaram.
 - Sou a Diva - falei gaguejando - Desde quando eu gaguejo? Parecia uma pessoa com retardo mental naquele momento.
- Dr. Clark, prazer.
- "Superman" - Pensei alto demais, o suficiente para que ele escutasse.
- Vamos deixar claro que eu não admito piadinhas com o meu nome, exijo respeito e profissionalismo acima de tudo - cruzou os braços e fechou a cara enquanto falava.
- Des... desculpe doutor, saiu sem pensar - Precisava disso tudo por um comentário sem querer?
- Pode ir agora, tenho que terminar meu trabalho e você deveria ir fazer o seu.




Fui trabalhar transtornada, passei o dia examinando pacientes e analisando amostras, mas minha atenção não estava lá essas coisas, foi difícil achar a concentração necessária, se já não bastasse ainda estar chateada pelo Fausto aqueles olhos azuis parecia que me seguia, pelo menos na minha mente.
- Ei moça, tem certeza que preciso de um raio X? Acho que não preciso de uma radiografia da minha cabeça por causa de uma gripe, preciso? Ou é mais do que isso, é grave? - Ele fez cara de dúvida.
- Relaxa, são só procedimentos, sei o que estou fazendo - tentei sorrir, claro que ele não precisava, mas nem sabia como havia conduzido o paciente até aquela sala. - Acho que estou pirando mesmo, talvez precisando de férias.




Antes de ir embora parei quando avistei o Clark em uma sala examinando um paciente, muito centrado e dedicado, tão dedicado que não percebeu que seu turno havia acabado, nem notou minha presença, aproveitei e passei direto, estava cansada e queria ir para casa, mas resolvi mudar meus planos e fui atrás de um anúncio que eu vi sobre Yoga, meditação... O que fosse eu iria tentar, preciso ocupar minha mente e manter meu corpo em forma.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

6- Perto de Casa

Ainda na festa, o Alexandre também se juntou a conversa. Ele que tinha conseguido me ajudar com o novo emprego.
- Nunca mais te vi, Julieta. Como estão as coisas no trabalho? Gostando?
- Estou sim. Está tudo indo bem... Pois é, nunca te encontrei por lá.


E a conversa continuou. A verdade é que eu não estava gostando de trabalhar no jornal. Acho que estaria mais feliz servindo cafezinho por lá do que escrevendo as coisas que me pediam. Chato. Entediante. Estava detestando. E olha que eu gostava de escrever... aquele emprego que não era pra mim.


Esperei a minha folga e fui ao estúdio do Paulo, que ficava bem próximo de onde morava. O lugar tinha certo estilo. A porta estava aberta, entrei. Mas não parecia ter ninguém lá.
- Oi? Paulo? – Tentei.


Resolvi esperar. Sentei-me no sofá e passei o tempo vendo qualquer bobagem no celular. Não deve ter sido mais do que dez minutos, mas já estava enlouquecendo, quando finalmente alguém deu o ar da graça naquele estúdio. Meu coração deu um salto. Não era o Paulo.


Antes que eu pudesse encontrar o dono daquele rosto na minha memória o meu corpo inteiro reconheceu no mesmo instante. Minhas mãos gelaram. O ar sumiu. Sua postura na porta indicava ter me reconhecido também. Depois de todos aqueles anos...